Como muitos dizem por aí, a vida é como uma onda do mar. Por vezes ela vai e volta. As vezes se acalma e as vezes se revolta ficando agitada. Em alguns momentos se une a outras. Em outros momentos acaba se isolando e assim vai e vem, ainda fazendo parte do imenso mar azul.
E assim é mais ou menos como a nossa vida. Fazemos parte do todo (o imenso mar azul), indo e voltando, ora agitados e turbulentos, ora mais calmos e serenos, sendo levados pelo vento, ou sofrendo as forças do ambiente, como ao ser puxados pela gravidade da lua, por exemplo.
Uma interessante reflexão ao se fazer uma analogia com a nossa vida em geral. Não apenas a onda do mar se parece com nossas vidas, mas também muitas outras coisas podem ser relacionadas a tudo aquilo que vivemos. A onda do mar é algo interessante de se pensar pois em alguns momentos é uma coisa tão especial quanto um “tubo” que a onda forma, e que poucos vão experimentar a experiência de estar dentro dele. Como se pudessemos ver a vida de uma outra forma, de um outro ângulo, e onde diferencia algumas pessoas que são um pouco mais ousadas e que desejam correr alguns riscos maiores do que outros.
Isso não quer dizer que quem não pega um “tubo” estará sempre fadado a viver na mediocridade, pois existem outras maneiras de relacionar as ondas com nossas vidas. Muitos não tem vocação para o surf. Muitos outros nem gostam de mar. Outros nem sabem nadar. Além das pessoas que tem medo do mar. E tantas outras pessoas que não apreciam essa tipo de analogia.
Mas fazendo uma representação disso, podemos pensar também na forma como as pessoas se posicionam. Existem os desafios que são as ondas que estão sempre quebrando próximo à praia, mas que para aqueles que tem coragem e ambição, ultrapassam essa “barreira” e se estabelecem depois das quebras das ondas, onde o mar é mais calmo e tranquilo, ainda assistindo as pessoas tentando atravessar esse canal.
A calmaria do mar, onde geralmente não tem ondas se quebrando, também não quer dizer que seja fácil estar ali, pois a todo momento você é puxado para retornar a quebra das ondas. Se não tiver força suficiente para se sustentar, e permanecer onde chegou, vai acabar voltando para o local de onde veio.
De outra forma, temos os surfistas que se atiram nas ondas. Eles estão sempre em busca da melhor onda e de se “desdobrar” para se equilibrar em cima da prancha e ainda ser levado por ela, e também tendo uma visão privilegiada da vida. Os bons surfistas pegam qualquer onda e fazem dela uma experiência única ao estar por cima deslizando e desviando dos obstáculos. Muitos não esperam a onda perfeita e acabam fazendo daquela onda uma incrível experiência. Os surfistas que se adequam à onda e ao movimento e condições do oceano e do vento, tirando o seu melhor ao estar nessa onda, fazendo uma relação como a gente se depara com os desafios de nossas vidas.
Poucos irão experimentar essa sensação do mar, mas muitos irão viver seus desafios como se fosse algo semelhante a isso. E ora estarão por cima e ora estarão por baixo e assim se vai ao longe. Os altos e baixos das nossas vidas fazem parte de nossa jornada aqui na terra de uma forma ou de outra.
Mas o mar ainda revela outras analogias e formas de se comparar com nossos desafios na vida, como também as pessoas que direcionam seus barcos, onde adaptam suas velas de acordo com o vento e “criando” seus próprios caminhos. É algo como aquilo de que não devemos lutar contra o ambiente, mas sim nos favorecer e fazê-lo contribuir com nossos objetivos de se ir além.
Muitas vezes, de nada adianta a gente reclamar, se queixar, julgar, criticar ou fazer qualquer tipo de atitude voltada para as outras pessoas ou ambientes que não estão em nosso controle. De nada adianta a gente querer fazer com que as pessoas pensem como nós pensamos. Pouco adianta a gente querer que os outros se comportem como a gente se comporta. Nada podemos fazer se o outro não deseja mudar. A mudança deve partir de dentro das pessoas, que elas possam ter esse desejo lá dentro de querer mudar, pois do contrário, não poderemos fazer por eles.
Claro que nossos resultados e nossos exemplos podem fazer com que as pessoas se modelem e queiram fazer algo semelhante para poder melhorar, crescer, evoluir e aprender agregando valor para si e para os outros. Podemos ser peças importantes em realizar bem as nossas atividades a ponto de gerar a curiosidade e motivação nas outras pessoas para poderem fazer o mesmo. Mas tudo isso só será feito, se a outra pessoa quiser fazer, ou se desejar realizar uma mudança em sua própria vida, pois do contrário não podemos “forçar” nenhum tipo de situação.
Surfar é uma coisa pela qual nunca fiz, a não ser com as pranchas de isopor que usavamos quando crianças e que quebravam logo depois de uma onda mais violenta. Sempre gostei muito de ver as pessoas pegando ondas gigantes, fazendo manobras radicais nessas ondas, ou ainda entrando nos “tubos” das ondas, passando a sensação de pessoas privilegiadas, pois poucos irão experimentar isso que torna algo tão especial.
Mas podemos ser privilegiados também em outras áreas de nossas vidas. Podemos pegar as nossas ondas e estar dentro do “tubo” fazendo algo que nenhum outro surfista faria, tornando aquele momento igualmente especial. Muitos terão sensações quase tão semelhantes ou melhores do que se entrar num tubo, como o simples fato de se abraçar os filhos, ou curtir o por do sol ao lado da pessoa amada, ou qualquer outra coisa que nos cause aquele arrepio gostoso de sentir na pele que somos reconhecidos por aquilo que nós somos.
Pode ser que você nunca chegue a surfar, pode ser que você nunca entre num tubo, ou pode ser que você nem ao menos entre no mar, mas isso não quer dizer que não viverá momentos tão especiais como esses. Você terá uma vida fascinante se você aceitar, agradecer, aprender e ensinar outras pessoas todas as coisas boas que você recebeu, como a dádiva de nossas vidas, que parecendo com uma onda ou qualquer outra coisa, é tão valiosa, prazerosa e deslumbrante quanto qualquer outra coisa. Pegue sua onda!