Inspire, expire. Inspire, expire. Inspire, expire. Inspire, expire. Inspire profundamente e expire lentamente e profundamente. Respire! Esse foi o início de uma matéria publicada numa revista que assinava e que trazia muitos assuntos interessantes relacionados à ciência, tecnologia, história e vários outros assuntos do momento.
Desde de muito cedo, sempre fui muito interessado em fazer esse tipo de prática quase que espiritual, de onde imaginava que encontraria todas as respostas para minhas perguntas. Acreditava que encontraria o meu propósito de vida, adquirindo consciência de vida. Apenas ao observar as pessoas fazendo essa prática, me trazia uma grande sensação de paz e tranquilidade interior, da qual ficava buscando por me achar uma pessoa perdida e irritada com as pessoas e as vezes até comigo mesmo.
Em diversas tentativas que fiz ainda na adolescência, procurava fazer meditação escondido, com vergonha e receio de que as pessoas me vissem fazendo isso, sendo mal visto por isso, com a fama de um cara esquisitão, pois grande parte das pessoas que viviam ao meu redor, nunca comentou uma palavra a respeito da meditação. Talvez isso me trazia o sentimento de vergonha, ou ainda da sensação de não ser aceito pelas pessoas por fazer algo diferente de que todos estavam fazendo.
Ao iniciar as tentativas de meditar, quase nunca conseguia. Me dava uma coceira no nariz, ou na cabeça. A perna não estava bem acomodada. O barulho na rua me perturbava. Era tampa de panela caindo no chão. Pássaro cantando debaixo da janela. Cachorro latindo. Carros barulhentos passando. Enfim. Uma infinidade de coisas que não me deixava me concentrar naquilo que gostaria de fazer. E foram muitas tentativas assim sem o menor sucesso.
Para contribuir com o meu fracasso de meditar, não insistia tanto a ponto de fazer com que aquilo se tornasse um hábito na minha vida. Algumas tentativas num dia, e ficava mais outros dias ou até semanas sem voltar a fazer. Daqui a pouco decidia pegar firme para fazer, e lá estava novamente deixando de lado para fazer outras coisas até de pouca importância. Não havia constância.
Me motivava ao ver filmes de pessoas meditando, e voltava a tentar sem uma disciplina para poder continuar. Foi um longo tempo até poder começar a aprender realmente de verdade.
Só depois de adulto que cheguei a tentar buscar ajuda com pessoas que faziam a prática depois de ver um cartaz oferecendo a meditação como exercício. Mas como sempre, não dei muita importância e fui para o compromisso já atrasado e num lugar que não conhecia, onde acabei me perdendo. E quando achei o local. Já estava com as portas fechadas. Provavelmente já haviam começado e não poderiam parar naquele momento. Desisti. Fui embora.
Um pouco antes de me casar, morei sozinho por um período de aproximadamente um ano, na casa que minha mãe iria morar, mas que ainda estava em reforma. Era o período perfeito para poder praticar. Mas que não houve muita atração da minha parte em fazer, talvez por conta do lugar, ou pela correria que tinha com o trabalho, namoro, preparativos para casamento e compra de apartamento. Outra tentativa, que no fim das contas, nem chegou a ser uma tentativa realmente, mas que tivesse sido, colecionaria outro fracasso no bolso.
Mas foi aí que depois de já estar morando no apartamento, logo após retornar do trabalho numa tarde muito bonita com o sol batendo na porta da sacada, senti que era o momento de me lançar nesse processo. Peguei algumas almofadas e coloquei no tapete de frente para o sol. Fechei os olhos e iniciei o “inspire, expire, inspire, expire, inspire, expire”. Me concentrando na respiração profunda, acalmando a mente e o coração. Mesmo de olhos fechados, o sol forte iluminava meu rosto e aquecia minha pele, e que foi outro fator que colaborou com o foco na respiração, pois seria ruim se abrisse os olhos e mirasse o olhar para o astro rei. Então ficou fácil de mantê-los fechados. Acredito que isso ajudou muito na concentração, me fazendo lembrar uma mania minha de criança que fechava os olhos e apertava-os com os dedos das mãos, até tudo ficar bem escuro, só então tirava os dedos e abria os olhos. Tudo que estava escuro, passava para um cinza, onde aos poucos iam clareando com a volta da visão como se fosse um lago que recebia uma pedra na água e reverberava em ondas no lago, mas que fazia o efeito inverso da água que escurecia, mas que meus olhos passavam a ter essa onda se abrindo e tudo ficando cada vez mais claro.
Uma experiência em tanto. Que não chegou a me trazer nenhum benefício naquele momento. Mas que foi uma vitória, após tanto tempo querendo fazer aquilo, e que então havia conseguido. Mesmo que tenha ocorrido por pequenos poucos minutos, que não me lembro ao certo, talvez 5, ou 3, ou até 2 minutos, mas que deram início a uma coisa muito legal que a muito tempo desejava fazer.
Com o passar do tempo, eu fui evoluindo um pequeno degrau por vez e ficava mais concentrado cada vez que repetia aquilo. Logo estava aprimorando a técnica até usando protetores auriculares para diminuir o ruído que vinham dos carros da rua, mas que aos poucos também eram esquecidos depois de alguns minutos focado.
Não houve nenhum mudança no meu corpo. Não houve nenhuma aquisição de um novo super poder. Não passei a conversar com espíritos. E nem muito menos saí do meu corpo com minha alma voltando a olhar para mim mesmo como o Dr. Estranho fazia para estudar seus livros. Nada de significativamente aparente se modificou em mim.
As mudanças são sutis. O que foi modificado, não foi externo, mas sim interno. Não que deixei de ficar irritado com as coisas como eu sempre ficava. Não que eu aprendi a controlar minhas emoções a ponto de segurar o “Hulk” que existe dentro de mim, impedindo que ele saltasse para fora. Absolutamente. Mas que os pensamentos começam a mudar. Os pensamentos passaram a ficar um pouco mais claros. O controle daquilo que eu estava pensando, passou a ficar um pouco mais sob meu comando. Uma visão melhor do que ocorre a minha volta, passou a ser mais notado. Algumas coisas passaram a ter significados diferentes. E parece que houve sim uma valorização das coisas que fazia e que até então eu não dava muita importância.
As vezes até me sinto um tolo aqui que não tem muita noção das mudanças ocorridas com a meditação na minha vida, da qual eu nem saberia descrever, e que fico aqui tentando colocar coisas das quais nem faço ideia do que estou falando, ou melhor dizendo, até sei, mas que muita coisa se modificou e que não percebi ou notei a mudança.
Na verdade mesmo sentindo ou não essa mudança, uma coisa é certa. De que houve uma mudança. Mesmo que sutil, ou ainda, mesmo sendo imperceptível ao meu ver, houve sim uma pequena transformação. E quer saber a verdade, mesmo parecendo papo de auto ajuda e papo de filosofia, o que mudou foi interno. A mudança ocorreu nos pensamentos e no modo de pensar. Tudo isso vai modificando aos poucos aquele pensamento que você tinha de não acreditar muito nas coisas. Vai modificando o modo de você encarar a vida, dando mais ênfase as coisas boas da vida (pelo menos para mim foi assim).
Somado a todo esse processo da meditação, uma atitude positiva para com a vida e toda uma mudança de mentalidade, pode trazer muitas coisas boas para sua vida. É uma junção de circunstâncias que faz essa mudança nos nossos pensamentos. E quando a gente muda o pensamento, deixando de pensar em coisas que a gente não imaginava pensar, ou deixando de lado aquela visão negativa das coisas, ou ainda de passar a ter pensamentos bons que te levam à ação, fazendo com que você se mexa e vá atrás de seus objetivos, isso traz uma grande consciência de tudo que vem acontecendo com a gente.
Acredito que toda essa gama de fatores nos auxiliam a fazer a mudança em nossas vidas. Aquela mudança que a gente tanto deseja. E toda essa modificação se dá aos poucos, a passos de formiga mesmo. Bem lentamente. Um degrau de cada vez. Ou como diria o ditado, uma longa jornada se inicia com um pequeno primeiro passo de cada vez. Então vamos andar rumo ao nosso objetivo. Um passo de cada vez. Mesmo um pequeno passo de cada vez, já é sinal de que você está querendo mudar, desejando a mudança na sua vida, e que ainda mais importante, está fazendo algo para que isso aconteça. Então, vamos em frente!