Muito se fala por aí a respeito de se cumprimentar as pessoas. Muito se diz por aí que fulano é todo chique e endinheirado, mas não diz um “bom dia” para ninguém. E encontramos muito disso no dia a dia. Já vi gente de nariz empinado que nem te nota quando você passa do lado da pessoa. Já vi gente sendo ignorada depois que uma outra pessoa diz um “olá”. Já vi pessoas com vergonha e se escondendo para não ter que cumprimentar. E há também aqueles que fogem e que não querem nem ver a pessoa e ter que cumprimentar. Gente esnobe.

Noto isso geralmente nas pessoas arrogantes e que acreditam ser as pessoas mais espetaculares desse mundo. Aqueles que se sentem como reis. Aqueles que acreditam ter “sangue azul”. O universo todo gira em torno daquela pessoa. Tudo é por causa dela. Já me senti essa pessoa em alguns momentos. Me via muitas vezes como sendo o ator principal da minha vida, onde todas as outras pessoas são os coadjuvantes da minha história. Imaginava aquele cara ou aquela moça que estava ali apenas para eu notar e tirar algum pensamento meu e que depois eles sumiriam e não existiram mais. Pensava que nem existia os outros países com as outras pessoas realmente, mas somente na televisão. O meu mundo era algo como uma lanterna que iluminava em 360º ao meu redor, e que somente nesse círculo (ou seja o meu círculo de amizades e familiares que funcionava), com um certo longo alcance, acontecia a minha vida realmente.

Quem nunca sentiu isso? Imaginar que só você é o que importa. Imaginar que só existe você e que todo o resto estão ali apenas para fazer uma pequena ou grande participação na sua vida. Acredito que muitas pessoas já pensaram em algo semelhante. E que não há nada de errado nisso, afinal somos todos um mundo em particular pois estamos nos sentindo vivos e tudo que acontece ao nosso redor, parecem algo como algoritmos inteligentes que atuam de forma independente da gente. Pensei muito tempo assim.

Pode parecer egoísmo de nossa parte pensar dessa maneira, pois isso soa como nos tornando o centro do universo realmente. Mas se todos pensam ou já pensaram dessa maneira, então somos sim o centro do nosso mundo, ou do nosso universo interno onde creio que não se trata de egoísmo se levarmos em conta de que devemos saber controlar e cuidar do nosso “eu”, sem deixar de dar atenção aos outros.

Para mim o que pode diferenciar de um tipo de egoísmo, seria a maneira de tratar as outras pessoas. Penso que devemos pensar em nós mesmos, devemos cuidar de nós mesmos e de nossos pensamentos e comportamentos dando uma certa prioridade para nossa pessoa, mas sem descuidar ou destratar as outras pessoas que tem suas necessidades. Um simples “bom dia”, pode fazer maravilhas para alguns que acordaram de mau humor. Uma certa notoriedade da outra pessoa, já traz para aquele que recebe isso, um certo carinho. Ou o simples mencionar de seu próprio nome vindo de uma outra boca, pode soar como música para seus ouvidos, assim como é dito no livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas” de Dale Carnegie. As vezes as pessoas são tratadas pelos apelidos, ou por qualquer outra coisa que não seja o próprio nome dela, que pode parecer uma coisa pequena, mas que faz uma enorme diferença realmente.

Parece haver uma quantidade enorme de pessoas por aí que estão sedentas de uma atenção, de um afago, de uma simples percepção de sua pessoa. Como dizem, as pessoas são carentes e necessitam de atenção. Todos querem atenção, carinho ou reconhecimento de uma forma ou de outra. E o simples fato de dizer um “bom dia”, mesmo parecendo pouca coisa, pode transformar o dia de uma pessoa.

Vi muito disso quando comecei a trabalhar muito cedo, pois não tinha o hábito de dizer “bom dia” pra ninguém. Não era muito usual esse tipo de comportamento, mas que passei a fazer quando inicie a carreira profissional. Chegava nos lugares e via todas as pessoas se cumprimentando, e que passei a fazer a mesma coisa. Adquiri tão fortemente esse hábito, que me sentia mal quando alguém não fazia isso. Imaginava que seriam os “arrogantes” que se sentiam superiores que não poderiam responder para os simples “mortais”.

Mas havia um caso em particular, que me chamava a atenção. De um senhor grande e forte que passava sempre ao meu lado nos corredores, mas que não dizia uma só palavra. Ele já tinha o perfil de uma pessoa bem quieta, calada e reservada. Sempre sozinho, e conversava com poucas pessoas, além de ter uma voz muito baixa. Era um cara sereno e na dele, mas que nunca chegou a responder aos meus “bons dias”.

Depois de muito anos na empresa que fomos nos aproximar, e descobri que o cara era um brincalhão de primeira. Ele não respondia por ser um cara extremamente tímido. Então, em muitos casos, existem as pessoas com um perfil bem discreto que tem vergonha até de cumprimentar os outros. Assim como os totalmente desligados, ou ocupados (focados) que nem reparam que você esteve ali. Até mesmo eu devo ter deixado de dizer algum “bom dia” para muitos que passaram do meu lado, ou por vergonha, ou por não ter notado, ou por estar distraído mesmo. Como dizem, existem casos e casos.

Só que também há pessoas que não cumprimentam mesmo por arrogância, ou por se achar melhor do que outros, ou algo do tipo. Aqueles que acreditam que vão sofrer alguma “baixa” se responder. Mas será mesmo que existem pessoas assim? Que não ligam nada para as outras pessoas? Será? Quem sabe. Ao que parece, já vi alguns desses tipos. Triste. Enfim. O que se pode fazer? Deixar de cumprimentar? Não responder mais? Não ligar mais para essas pessoas, ou entrar no outro time de pessoas superdesenvolvidas e deixar de dizer um “olá”? Talvez sejamos humanos inferiores mesmo, que os mais evoluídos não tem tempo a perder com essas besteiras. Fazer o que? Neste caso prefiro ficar no time dos menos evoluídos, mas não deixar de dizer um “bom dia” pra ninguém.

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