Acredito que a segunda grande certeza de que temos na vida, depois de que sabemos que vamos morrer, é de que não sabemos de nada na vida. Quanto mais o tempo passa, mais temos certeza disso. Não sabemos realmente de nada. Tudo que foi escrito aqui, tudo que foi falado, revelado, descrito, dissertado, comentado e seja lá o que mais podemos incluir nessa sentença, é de que tudo se foi. Tudo passou. Tudo se apagou, depois de ter acontecido. Algumas coisas mudaram de lado. Algumas pessoas mudaram de opinião. Outras pessoas alteraram seus conceitos. E outras ainda permanecem, mas por pouco tempo. Uma passagem. Uma fagulha. Uma centelha de vida. Passageiro.

Esse fato é uma máxima em nossas vidas realmente. Podemos saber e aprender alguma coisa hoje, e que logo depois de um tempo, tudo se vai, pois o mundo está em constante mudança numa velocidade tão grande que em poucos instantes aquilo já não se dá do mesmo modo como foi aprendido. O mundo em constante mudança, ou como diria o professor Karnal baseado em outro pensador: “o mundo líquido”.

Tudo se vai. A água se evapora. O ferro enferruja. A fruta apodrece se não for consumida. O material se decompõe com o tempo. A carne morre e vira adubo para a terra. Os restos são absorvidos pelo ambiente na natureza que sofre com a degradação do tempo. Os materiais são transformados. A matéria vira outro tipo de matéria. O desgaste ocorre com o tempo e as coisas vão se modificando. Tudo muda. Tudo se transforma. A reciclagem. A decomposição. A transformação da matéria orgânica em matéria inorgânica acontece a todo instante. O fogo aquece, logo depois esfria. O vento sopra e leva as partículas de areia e pó. O gelo derrete e se torna líquido para então retomar o processo de evaporação. E assim o ciclo continua.

A mudança constante. O aprendizado contínuo. As novas experiências. Tudo está embutido nisso. Aprendemos, incorporamos esse aprendizado em nossas vidas e logo depois desaprendemos, pois aquilo mudou e já não é mais do mesmo modo que era antes. Deixamos de saber de algo que sabíamos. E então vem alguma outra coisa. Vem alguma coisa nova e tudo muda de forma muito rápida.

Embora pareçam rápidas as transformações que acontecem, na verdade tudo acontece com uma certa lentidão a passos de tartaruga mesmo, e que a mudança está constante, e a todo momento tudo muda, todas as coisas mudam, todas as informações se alteram, uma atrás da outra, fazendo parecer que tudo mudou muito rápido, e que não foi a rapidez, e sim a constância.

Todas as coisas foram mudando simultaneamente, mas que ao notar uma única coisa, levou um certo tempo para ela se modificar. Como houve uma avalanche de alterações, parece que tudo mudou de forma muito rápida por ter sido apresentado tudo de uma única vez. Mas se olharmos para uma única coisa, aquilo demorou para acontecer. As plantas floresceram do dia para a noite, mas se ficarmos olhando para uma única flor, o tempo todo gira ao nosso redor, passando muito rápido, enquanto a planta faz o seu show de forma lenta, completa e perfeita, assim como é a natureza.

Então, desse modo, tudo se vai. Tudo passa a ter um outro entendimento. As coisas se alteram e nem sabemos mais ao certo se aquilo que sabíamos, ainda é aquilo que imaginávamos. Claro que para algumas coisas existe apenas uma verdade absoluta, e que no fundo em sua essência, todas as coisas “são”, e ao mesmo tempo “estão” fazendo parte do todo e nos trazendo ao pensamento os questionamentos filosóficos e poéticos da vida.

Não temos total consciência de nossa existência na mais profunda sensação de poder descrever como tudo isso funciona no momento presente. Abstrato. Complexo. Não sabemos ao certo a respeito dessa verdade absoluta que nos circunda, onde tudo é simples e complexo de se entender ao mesmo tempo, onde do mesmo modo que pensamos em algo sendo fácil, também dificultamos o entendimento daquilo. Tudo depende do seu estado de espírito para dar significado a cada momento.

A vida em um único suspiro, a cada respiração, em cada bater do coração pulsante, a cada xícara de café, em cada pensamento, em cada segundo que presenciamos a beleza da natureza. A vida no momento presente onde não sabemos descrever de forma completa e precisa esse fato, esse instante, essa partícula do tempo tão importante que vivenciamos e sentimos e que logo se vai. Já se passou e não nos demos conta do que foi.

Por um momento todo esse fato simples e complexo ao mesmo tempo que comentamos, está nos consumindo e somos como seres vivos que assim como os animais e as plantas e flores, estamos todos morrendo. Assim como uma frase que ouvimos recentemente de que vivemos apenas 9 meses na barriga de nossas mães e que depois disso, se inicia o processo do fim. Morrendo ao sair do conforto que nos encontrávamos e se deparar com a realidade de um mundo cheio de desafios e sucumbir ao sofrimento de uma vida inteira.

Para muitas pessoas a vida é algo curto e passageiro cheio de sofrimentos e batalhas para se combater. Enquanto que para outros, a vida é um presente divino como uma verdadeira dádiva que nos ensina a lição maior de que todos devemos aprender ao enfrentar essa jornada de servir ao nosso propósito de vida auxiliando as outras pessoas.

Dessa forma, cabe a cada um interpretar a sua maneira de viver a vida, seja como algo curto e sofrido, ou como algo magnífico mesmo diante de todas as dificuldades essas pessoas encaram e levam a vida de uma forma leve sabendo que a única coisa que sabem, é que nada sabem. E que a jornada tem um fim, ao ser encarado como uma motivação para poder agir em sentido de seus objetivos em cada dia que acordar e se perguntar se o último dia é hoje.

Quando chegar o momento, com você tendo feito a sua parte ou não, esse fato irá acontecer. E que a finitude nos traga conhecimento e sabedoria para poder usufruir de nossa viagem aqui na terra. Que o fato de sabermos que vamos morrer, e que não sabemos quando, nos dê a consciência de que é preciso agir hoje, agora para poder contemplar a beleza de uma vida bem vivida com amor, com alegria, com dores e prazeres que nos farão crescer, entender e aproveitar o tempo. Pense nisso!

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