Quando tive uma ideia a respeito do bem e do mal, daquelas que a gente tem quando se é criança, e tem a percepção de que o vilão pode até se dar bem em alguns momentos, mas que logo isso se reverte. E assim como o mestre Silvio Santos também disse uma certa vez, de que o bem sempre vence o mal, mesmo que o mal pode estar em vantagem em alguns momentos, mas que logo perde seu posto para o bem no final de tudo.

Numa homilia que presenciei certa vez, o padre disse algo do qual ainda não tinha passado pela minha cabeça. Ele disse que mesmo o mal sendo grande, o bem sempre tem um peso ainda maior, mesmo que seja em menor quantidade que esse mal. Sim, algo como se colocar uma série de maldades de um lado da balança, mas que ao colocar apenas um ato bom do outro lado, já é suficiente para a balança pender para o lado do bem.

Uma única e boa atitude, já pode fazer com que uma vida inteira de pecados, caia por conta de sua boa atitude que tem um peso muito maior do que todas as maldades feitas. O peso maior do bem, faz com que o mal não prevaleça por muito tempo. Isso me vem a cabeça no momento da morte de algumas pessoas, que passaram a vida inteira fazendo o mal para os outros, mas que no fim de sua vida, acabou fazendo algo com que se redimisse e faria com que todos os seus pecados fossem perdoados, e liberando a pessoa para ir pro céu.

Lembro de muito criança ainda, quando assistia a alguns filmes, novelas, desenhos e afins, de que geralmente as vilãs, eram mais bonitas do que as mocinhas. Em algumas histórias, as malvadas se vestiam bem, eram ricas, tinham uma certa postura que me atraia de alguma forma. Eu tinha uma certa “simpatia” por essas mulheres malvadas. Não sei de onde veio isso, mas me sentia muito atraído para esse lado. O lado negro da força.

Me sentia propenso a estar, ou pelo menos fazer uma pequena participação desse lado, mas que no fim das contas, ao ser convencido por outros, eu logo retornaria ao lado do bem. Sentia que havia uma força muito forte me puxando para o lado do mal, mas que no fundo, eu acabava cedendo ao lado “branco” e puro da força.

Isso é mesmo um lance mais de fazer com que a audiência aumente ao colocar o bem como o “pobrezinho” e “coitadinho” da história. Já é pensado dessa forma para atrair o público, fazendo uma identificação nossa com as pessoas mais simples e humildes, e deixando os ricos, lindos e poderosos como os vilões da história. Acredito que desde cedo a gente já presencia isso na TV, como algo associado a ser uma coisa ruim ser rico e poderoso. Esse deve ser um paradigma que devemos tirar da cabeça, pois não é a classe social que define a pessoa. Há muitos ricos bons e outros tantos maldosos, assim como também há os pobres bons e maus.

Há muitas forças além do bem e do mal de que nem temos total ideia, assim como há muitas coisas além do céu e da terra, que nem imaginamos. Muito menos sabemos de que lado estamos em certos momentos de nossa vida. As vezes estamos no lado do bem, e em outros momentos estamos no lado do mal. Em determinados momentos, agimos bem com os outros, mas em certos momentos, em virtude de uma emoção mais forte, pode ser que podemos maltratar as outras pessoas, mesmo que sem querer fazer isso.

Como há muito tempo já se fala de que não existe o que é certo e o que é errado, que algumas coisas podem parecer certas para alguns, e para outros podem parecer erradas, fazendo-nos interpretar como uma maldade da pessoa, qualquer atitude ou reação. Acontece que algumas coisas são difíceis mesmo de se interpretar e entender. Há tantos argumentos e realidades tão distantes que assim como o certo e errado são complexos de se determinar, o bem e o mal também segue essa linha.

Claro que existe o mal, como no caso de se agir com rispidez, com grosseria, com ignorância, ou as pessoas que maltratam animais, a natureza, as pessoas, o que é considerado errado por estar fazendo algo que a maioria concorda que isso não é legal. Haverá as pessoas que irão defender dizendo que ninguém sabe o que aquela determinada pessoa passou para agir daquela maneira, mas em muitos casos, isso não justifica o fato de se agir com maldades perante os outros. Não se combate o fogo com fogo.

Há casos de pessoas que sofreram na infância que alguns repetem o que sofreram, mas outros fazem exatamente o oposto por não desejar que nenhuma outra pessoa passe por aquilo que ela passou. Depende de cada um e de seu momento.

O amadurecimento e a compreensão dos problemas, pode fazer com que amenize todas as preocupações e nos faça perceber onde erramos para poder consertar as coisas. Passamos por um tempo em momentos ruins, temos que enfrentar situações difíceis e avassaladoras. Vamos nos deparar com tentações. Vamos ser instigados a fazer coisas das quais sabemos que iremos nos arrepender. Talvez por conta de nossas fraquezas, de nossa falta de coragem ou da nossa baixa autoestima, ou qualquer outro motivo. Não vai ser nada fácil, mas temos que nos preparar para isso. Treinar e buscar conhecimento em geral e principalmente, conhecimento de nós mesmos. Refletir a respeito de nossas atitudes e de nossas ações.

Nós iremos nos encontrar num futuro próximo. E seria muito ótimo saber que você fez algo de bom, mesmo passando a vida toda descumprindo esse princípio de fazer o bem. Assim como Sansão viveu uma vida cheia de libertinagem, no último momento de sua vida, ele ainda sim cumpriu o seu propósito e se redimiu.

Mesmo que tenhamos passado por uma vida cheia de coisas ruins, um pequeno ato de bondade pode fazer com que todo o mal caía por terra e que o bem prevaleça, sempre. Ainda que chegue no final, e que você fez algo de bom para o seu próximo, já valeu a bela jornada caminhada ao teu lado.

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