Existem algumas fases nos jogos de vídeo game que são muito difíceis de passar. O “Chefão” (geralmente o inimigo maior do final da fase) é quase sempre mais poderoso do que nosso herói, o que acaba dificultando para podermos passar de fase. Para as pessoas que não são muito familiarizadas com o vídeo game, vou tentar explicar de uma maneira mais simples.

Escolhemos o personagem que iremos jogar de um determinado jogo, que ao longo da fase se depara com alguns inimigos geralmente de semelhantes características, diferenciando apenas as cores ou qualquer outro item que tenha em mãos. A medida que vamos seguindo, vão aparecendo alguns diferentes personagens, mas que ainda sim, são páreos para nosso herói que tem um medidor de saúde que vai diminuindo conforme é abatido, até zerar esse medidor e infelizmente morrer. Em alguns casos, nosso personagem tem mais algumas “vidas” e retornam ao jogo com o medidor de saúde completo para reiniciar de onde parou ou até mesmo do início.

Acontece que logo depois de ir abatendo os inimigos, chega uma parte final da fase, onde um personagem geralmente maior, mais forte, mais rápido causando uma impressão assustadora, passa a ser o principal inimigo. Esse “Chefão” da fase é mais forte do que os demais inimigos que você abateu durante a passagem pela fase, e que se você se distrair e não estiver preparado, ele acaba com você em poucos segundos. É preciso um tempo de treinamento e de inúmeras tentativas para poder pegar o jeito do personagem do final da fase, para poder vencê-lo. E depois de tentar e lutar repetidas vezes, chega um momento em que a gente consegue passar pelo “Chefão” da fase, mas aí vem outro desafio que se segue que é a próxima fase, onde haverá mais inimigos comuns, com alguns um pouco mais fortes, até chegar ao próximo “Chefão”.

Ao imaginar como é que isso funciona, fazemos uma comparação com a nossa própria vida. Estamos quase sempre, e todos os dias lutando com os inimigos mais comuns como os atrasos, o trânsito, os pequenos problemas do dia a dia, de resolver as coisas que estão desarrumadas, de ter que cumprir as pequenas tarefas de arrumar a cama, fazer o café, se preparar para a reunião, receber ligações chatas e mais uma série de infinidades de pequenos desafios que fazendo uma analogia aos jogos, se tratam dos inimigos comuns das fases, que são até fracos, mas se você deixar, eles irão acabar com o seu medidor de saúde.

De repente e sem saber ou avisar (e não quer dizer que chegue no final da fase, isto é, ao final do dia) você tem que se deparar com o “Chefão” da fase, que pode ser aquele desafio maior que você encontra, como uma apresentação em público, um trabalho mais complexo para se fazer, ter que enfrentar pessoas que te julgarão por ter feito algo, ou qualquer outro tipo de desafio maior, pode ser considerado o “Chefão” daquela fase, ou daquele dia.

Esse desafio maior que vai fazer com que você se altere, se modifique, que busque alternativas para poder vencê-lo, com a prática, a repetição, as tentativas e tudo mais. Claro que muitas vezes iremos perder para esse “Chefão” e vamos ter que retomar nosso medidor de saúde para poder tentar novamente vencer esse desafio. Diversas vezes vamos quase chegar lá acabando com o medidor de saúde do “Chefão”, mas que ainda sim ele sugará seu medidor antes, e você terá que reiniciar o desafio enfrentando toda a fase novamente.

Geralmente, são nesses momentos em que muita gente pensa em desistir. Muita gente acredita que não consegue vencer o desafio. Muitas pessoas se desanimam e deixam de tentar novamente, perdendo toda aquela força que vinha adquirindo quando estava tentando. Mas como dizem por aí, que o segredo está em continuar tentando, em continuar fazendo, em manter a persistência para poder chegar a passar de fase. Para aqueles que desistem, continuam vivendo suas vidas procurando evitar o “Chefão” e fantasiando em como se tivessem vencido sem ter feito a tarefa de passar de fase. Para os que conseguiram passar de fase, fica agora a expectativa de uma nova fase, com alguns dos mesmos inimigos comuns que já haviam no caminho, aparecendo um ou outro diferente, até a chegada do novo “Chefão” da nova fase, onde se começa novamente as tentativas de aniquilar o inimigo principal.

E assim se vai. Depois de muito apanhar. Depois de muitas tentativas e depois de sofrer todos os ataques a ponto de acabar com o seu medidor de saúde, uma hora você vence. Chega um determinado momento em que você consegue passar pelo “Chefão”. E isso é fenomenal. Te dá força. Te gera mais energia. Te empurra para frente para poder encarar outros desafios.

E porque eu estou falando isso tudo? O que isso tem com relação ao tema do artigo? Na verdade eu passava muito tempo da minha vida jogando vídeo game na infância e adolescência, e me deparava com uma série de obstáculos que não conseguia transpor. Ficava muito irritado e chateado quando não derrotava um “Chefão”. Chegava a ficar super estressado com isso. Meus ânimos se exaltavam. Minha raiva implodia dentro de mim. Ficava tão bravo que dava socos no sofá, ou queria quebrar o controle, ou gostaria de chutar o vídeo game, pois aquilo era, na minha visão, algo impossível de se fazer. Como é que alguém consegue passar por essa fase? Lembro que chegava a me descontrolar e continuar tentando até passar ou na maioria das vezes, desistir e ir outro jogo.

Ficava com aquilo na cabeça de que “não consigo”, “não consigo”. E hoje vejo que isso é uma tremenda bobagem. Pode parecer besteira, mas isso tem toda relação com a nossa vida ao enfrentar desafios e obstáculos pelo caminho, que não vão deixar de existir. Toda as vezes, vamos ter problemas. Em todo o momento vamos nos deparar com problemas. Eles não vão deixar de existir. Na hora que você resolver um, logo em seguida já vem outro e por aí vai.

Portanto não iremos ficar livres de problemas. Eles sempre existirão. Então, nesse caso, cabe a nós termos uma atitude melhor diante de tudo. Se você ficar reclamando dos problemas, eles irão permanecer da mesma maneira. Se tomar uma atitude positiva perante o problema, ele também irá continuar ali do mesmo modo, mas o que muda é a sua cabeça com relação ao problema. Uma atitude positiva, não irá solucionar o problema, mas servirá de um pequeno auxílio em encarar o desafio de uma forma mais amena. Com esse tipo de atitude, acredito que uma pequena colaboração você já tem para ultrapassar essa barreira.

São coisas mais comportamentais, espirituais, abstratas e que permeiam nossa mente, que também não tem o discernimento correto para identificar o que real do que é imaginário. Se você imaginar uma coisa, aquilo foi montado dentro de sua cabeça. Se você ver, escutar ou sentir alguma coisa, isso também se trata de um impulso elétrico em nosso cérebro que não sabe distinguir o real do imaginário. Se disser para o seu cérebro que determinado animal é um elefante rosa, então seu cérebro vai imaginar um elefante rosa. Do mesmo modo se existir realmente um elefante rosa, ele vai para dentro do seu cérebro da mesmo forma que está enxergando o animal, mas que também foi para o seu cérebro. De uma forma diferente, é verdade, mas ambos foram para o seu cérebro.

Nesse caso, penso que aquela frase que dizem para nós de que uma mentira contada cem vezes, acaba se tornando uma verdade, de tanto que você passou a acreditar naquilo e já incorporou no seu cérebro. Então, que possamos fazer com que nosso cérebro acredite naquilo que desejamos com tamanha convicção, que mesmo isso sendo uma mentira, se torne uma verdade para nós. Então se temos que optar por um lado, que seja para o lado positivo, mesmo que ainda seja uma mentira, mas que vamos torná-la uma verdade.

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